Ѽ Capítulo 4: Vai e vem de informações  

Posted by: Venenosa

- O quê? Como assim? - Espantou-se uma voz ao telefone.

- Estou dizendo! Foi exatamente isso o que aconteceu!

- Você tem certeza?

- É claro! Meu pai é chefe do departamento de investigações policiais!

- Nossa! - A garota ficou boquiaberta, incrédula. - Nunca imaginaria isso! Bi, minha mãe está me chamando para jantar, depois nos falamos mais! Beijos! - Desligou o telefone. Olhou para fora da janela, não viu nada além do jardim deserto. Pegou o telefone novamente, discou outro número. - Amiga, você não vai acreditar no que eu acabei de ficar sabendo!

- O que aconteceu? - Disse a outra, bastante interessada na nova fofoca.

- A Bibi acabou de me contar que aquele garoto novo, sabe, aquele bonitinho...

- Sei sei! - Os hormônios saltitaram com a expectativa de novidades.

- Pois então, ele ofereceu carona para a idiota do vidro ontem e, adivinha só, agora ela está em estado grave no hospital!

- Não! - Os olhos da garota saltaram. - Eles sofreram um acidente? Sempre soube que aquela moto iria dar problemas!

- Que acidente que nada, amiga! Ela é idiota, mas nem tanto! Quando alguém cairia de um penhasco por acidente?

- Penhasco? - A outra levantou-se da cama, assustada.

- Sim.

- Então ela não caiu, ela foi jogada? - A voz ficou esganiçada ao pensar nessa hipótese.

- É o que o pai da Bi desconfia.

- Meu Deus! - O coração batia acelerado. - Querida... hum... Tenho que fazer um dever de matemática, agora que lembrei que tinha deixado pendente, depois conversamos! Kisses. - Desligou o telefone sem nem esperar a resposta da amiga, discou outro número. - Fofa, você não sabe o que acabei de descobrir! Sabe aquela idiota do vidro?

- Sim... Muito burra! Ainda não sei como ela não viu que...

- Ela foi jogada do penhasco pelo cara da Shadow vermelha! - Interrompeu a outra, dizendo tudo sem parar sequer para respirar.

- Mentira! - A menina parou até mesmo de prestar atenção no que estava fazendo. A água que estava despejando em sua xícara de chá, começou a transbordar. - Como assim? Por que ele fez isso?

- Não sei direito, mas dizem que viram os dois passando a tarde inteira juntos...

- Então você acha que... Nossa! - A água começara a molhar a mesa. - Estou chocada! Você tem certeza?

- Sim, claro. Se não, não estaria dizendo! O pai da Bi é da polícia, está investigando o caso.

- Querida, vou terminar de tomar meu chá! Beijinhos coloridos! - Mal desligara o telefone e já estava ligando para a próxima a ser informada de tal escândalo. - Jacky, taca cor que eu estou bege!

- O que aconteceu dessa vez? - Jacky disse, em um tom desinteressado e entediado, mesmo sabendo que suas entranhas estavam saltitantes para saber de um podre novo. Jacky sabia que não era amiga o bastante daquela garota para que ligasse à essa hora da noite por um motivo banal. Deveria ser algo, no mínimo, interessante. Sorriu.

- O cara do corredor...

- Aquele mal vestido?

- Sim, ele mesmo. O que teve aquele conflito com o Rafael esta tarde, o da Shadow vermelha.

Os olhos castanhos de Jacky brilharam, estava mesmo pensando em algo para poder se livrar daquele infeliz. Era inaceitável a maneira com que ele desafiou Rafa hoje, afinal: ele era só um novato. Deveria ter mais respeito com os veteranos da instituição, principalmente com aqueles que usam coroas simbólicas em suas cabeças.

- O que aquele verme fez?

- Matou alguém.

Jacky não percebeu, mas deixou o queixo cair ligeiramente, fazendo com que a boca ficasse um pouco aberta. Segundos depois, recuperou-se. Esperava tudo, uma falência inexplicada, uma homossexualidade revelada, um acidente com aquela moto tosca e, até mesmo, a entrada em um colégio militar, mas homicídio? Era quase como se o natal tivesse chegado mais cedo, muito mais cedo, este ano. Mas teria que checar suas fontes, fofocar não é pecado, acreditar em uma falsa fofoca é. Jacky não era tão ingênua.

- Quem foi a vítima?

- A mongolóide que se chocou contra a porta de vidro.

Seus olhos brilharam novamente. Jacky estava admirada com a maneira com que a situação ficava cada vez melhor. Era um combo natalino. Parecia até que alguma divindade cor-de-rosa lá em cima, tinha resolvido premiá-la por sua boa conduta. "Muito boa conduta!", reforçou sua consciência; a ironia é uma arte. Como o velho ditado dizia: "matou dois coelhos com uma cajadada só" e, neste caso, o verbo foi usado no sentido literal.

- Ela morreu mesmo?

- Não, ainda não. Está gravemente ferida no hospital. - Então a fofoqueira percebeu que já estava se contradizendo. - Mas a intenção de morte foi a mesma! - Emendou, rapidamente, tentando não perder a credibilidade.

- Como foi isso? - Jacky continuava, seriamente, o interrogatório. Precisaria ver se a coisa fazia, ao menos, sentido lógico.

- Passaram a tarde juntos e, depois, ele a jogou do penhasco.
Jacky riu alto. Parecia até uma novela, e das mais vagabundas, por sinal! A imbecil desastrada e inocente que se choca contra uma porta de vidro em seu primeiro dia de aula, o herói playboy metido a rebelde que a defende na frente de todos e, depois de dormir com ela, atira-a de um penhasco na beira do mar. Era uma história interessante a ser contada, sendo verdadeira ou não. Ela não se importava nem um pouco de repassar um boato falso, contanto que soubesse a verdade dos fatos. "Tolo não é aquele que conta, mas sim aquele que acredita", pensou.

- Típico. Realmente, é uma história emocionante. - O sarcasmo imperou em seu tom de voz. - Muito bom, Tina.

A garota que se chamava Tina sorriu aliviada. Era isso mesmo que queria, deixá-la satisfeita. Jacky era uma garota muito influente no colégio, "quem tem influência e popularidade tem tudo" refletiu consigo mesma.

- Achei mesmo que você iria gostar! Escuta, será que posso almoçar com vocês amanhã?

- Claro, claro. - Jacky disse, entediada. Já sabia que isso viria, "são todas iguais" constatou. - Mas, honey, quem foi que te passou essas informações?

- Bem, elas foram passando de telefonemas em telefonemas hoje! - Jacky ficou desapontada, precisava de mais detalhes.

- Mas você não tem idéia de quem foi a fonte original?

- Ah... A Roberta me disse que o pai da Bianca estava investigando o caso.

- Muito bom! Agora, se me dá licença, vou desligar, meu assunto com você já acabou. - Disse, rispidamente, enquanto desligava o telefone, digitou os números que compunham o celular de Bianca, uma de suas "amigas" mais próximas.

- Oi, Bianca? É a Jaqueline...

~ Ѽ ~

Outro dia ensolarado nasce iluminando os palácios da realeza. Mas tenho o pequeno pressentimento de que nem todos tiveram uma tranqüila noite de sono. Alex mirou-se no espelho do banheiro pequeno em que estava e observou as olheiras que brotaram abaixo dos seus olhos, outrora brilhantes e convidativos, agora frios e cansados. Passara a noite no hospital para onde levara Camilla e não conseguira dormir nem um pouquinho.

Abriu a torneira da pia, mas aquela imagem da água escorrendo pela superfície fez com que as lembranças ruins do dia anterior voltassem como pedaços de madeira que se afundam e tornam a alcançar a superfície. Visualizou a imagem de Camilla caindo de uma altura de quase 10 metros e encontrando a água que rugia feroz lá embaixo. Tudo passou muito rápido, Alex não entendia o que poderia ter acontecido naquela fração de segundo entre o tempo em que algo iria, realmente, acontecer entre eles e a queda trágica que estragara tudo. “Ela deve ter caído”, uma voz gritou dentro de sua consciência “escorregou e caiu, foi isso”. Como que por mágica, outra voz ecoou, respondendo a primeira “e se você a empurrou enquanto estava olhando-a nos olhos? E se você foi a causa de tudo isso?”, Alex tampou os ouvidos, mas isso não a impediu: “você pode ser um assassino a essas horas”. Ele foi incapaz de mirar-se no espelho novamente, abriu a porta e saiu.

O acidente em si já era bastante ruim, mas nada ultrapassava o olhar ríspido das enfermeiras que passavam, correndo como loucas, pelo corredor do hospital de luxo para o qual levara Camilla, logo após de tê-la salvado. Não sabia primeiros socorros e nem a maneira certa de fazer respiração boca à boca, então simplesmente aceitara a sua impotência e induziu-a até o hospital. A medida que apareceu no corredor, sentiu os olhos flamejantes das enfermeiras pousarem sobre ele. É claro que pensavam que era um assassino. O pior de tudo é que não poderia culpá-las, afinal, ele mesmo não acreditaria na história que contou aos médicos. O que estaria fazendo com ela, sozinhos, em cima de um penhasco? “Onde eu estava com a cabeça?”, Alex perguntou a si mesmo, agora refletindo o quanto essa idéia era maluca desde o princípio. Contudo, não faria sentido levá-la ao hospital se a tivesse, realmente, empurrado. A não ser que, talvez, fosse para mascarar a própria inocência; era exatamente isso o que todos pareciam constatar.

Mal pôde sentar-se novamente no sofazinho cor de mármore em frente ao quarto em que Milla estava sendo examinada, quando a porta abriu-se e, por ela, entrou um senhor de meia idade. Seus cabelos brancos combinavam com a pele um pouco enrugada sob os olhos, que deslizavam, repetidamente, mirando o papel preso por uma prancheta que estava carregando. Alex levantou-se, foi em direção ao médico, mas não era ele o foco do seu olhar. Viu Milla, desacordada, ao fundo. O doutor virou-se e olhou na direção em que os olhos do jovem estavam apontando, depois o encarou novamente com seus óculos de lentes grossas, que mais pareciam lupas de aumento.

- Sua namorada está, aparentemente, bem. Não teve ferimentos graves e, por sorte, - o tom de voz irônico imperou neste momento - você a salvou a tempo, antes que morresse afogada. O que me preocupa aqui é o fato de ela ainda não ter acordado, vamos fazer mais alguns exames, desta vez, priorizando algum dano que possa ter acontecido na cabeça.

- Mas ela ficará bem? – Perguntou preocupado, mas prestou atenção em outro ponto da fala do médico – E ela não é minha namorada. – Protestou como se estivesse dizendo algo lógico. O médico resolveu ignorar.

- Saberemos a situação assim que concluirmos os exames. Comunicarei assim que tiver algum resultado, Sr. Adamatti.

Após terminar a frase, saiu imediatamente, fechando a porta e caminhando ao longo do corredor, sem deixar Alex perguntar mais nada.

~ Ѽ ~

E era mais um dia chato de aula, mais um dia de desgosto, mais um dia de matéria inútil, mais um dia de professores irritantes e, acima de tudo, mais um dia tendo que aturar vadias recalcadas. Era assim que Vicky via o colegial, a escola servia apenas para encontrar gente que julgava agradável, ou seja, pouquíssimos, ser o holofote do núcleo de fofocas da escola pelas pessoas que a veneravam, conversar com Mellanie, entrar em conflito com Mandy galhofeira e Jacky pérfida e, nos tempos livres, se pegar com Kadu.

Isso, antes de Alex aparecer. Agora, ele estava em outro tópico de atividades, um tópico ainda não nomeado. Mesmo com as duas discussões no primeiro dia em que se conheceram, ele fazia Vicky estremecer a cada vez que pensava em sua figura primorosa. Ela só precisava descobrir se era de raiva ou de outra coisa mais. Chegou ao colégio naquela manhã, ainda com sono. No Marine High, somente o primeiro dia de aula era à tarde, na verdade, nem tinha aula, geralmente era só apresentação, um “aquecimento” para o pior: matéria nova. Contudo, não era com isso que ela estava preocupada. Não tinha visto Alex ainda e isso estava acabando com ela, estava furiosa. Ficava sentando e levantando da cadeira de costume, na mesa de sempre. Realmente, aquilo estava lhe incomodando mais que a estranha expressão de satisfação estampada no rosto de Jacky, que desfilava para cá e para lá puxando o Rafael pelo braço. Só então que Vicky pensou o que deveria estar acontecendo para que Jacky estivesse saltitante. Como Jacky era grudada em Mandy, qualquer postura fora do normal era motivo para se preocupar. Resolveu esperar Mel próximo à entrada do pátio.

Jacky sentou-se no lugar de sempre, entre Mandy e Rafa, em uma das mesinhas que ficavam no pátio e onde os alunos sentavam-se antes de tocar o sinal para começar a aula. Estava contando algo para Mandy, que parecia muito interessada e, de repente, arregalou os olhos azuis deixando-os do tamanho de duas bolas de bilhar. Ao que parecia, não era somente as duas que estavam risonhas naquela manhã, já que todas as pessoas que passavam por Vitória, em pé, perto do portão onde esperava por Mel, soltavam risadinhas e começavam a cochichar com a pessoa do lado, que então, olhava para Vicky e ria ainda mais. Isso estava a irritando ainda mais, apesar de que nada ultrapassava a irritação que a ausência de Alex gerava. O sangue ferveu de ódio ao pensar nele, na verdade, ao pensar em como o próprio namorado Kadu, não a defendera na manhã passada. Como ele tinha a coragem de não apoiar-lhe dessa maneira? Algo interrompeu seus pensamentos.
-Vicky! – Mellanie se aproximava, com os cabelos pretos e brilhantes balançando ao vento. – Como está?

Mais uma vez a voz de Mel quebrara a lógica da concentração nas pessoas que iriam parar na sua lista negra. Geralmente, não daria tanta importância, mas ultimamente estava se pegando tão aérea...

- Vou bem, Mel. – Sorriu com esforço enquanto beijou a amiga no rosto. Reparou na roupa preta que ela estava vestindo. De uns tempos para cá, as roupas de Mel acusavam um estado de luto permanente. Outro grupinho de pessoas passou rindo por ela, perdeu a paciência. – Do que estão rindo, inúteis? – Gritou. Não era do seu feitio gritar assim, pessoas com classe não gritavam dessa maneira, mas aquilo estava deixando os nervos à flor da pele. O grupinho somente riu mais ainda e se afastou. Vicky visualizou Jacky e Mandy olhando em sua direção, agora era Mandy quem contava uma história que parecia ser, no mínimo, hilária, já que Jacky não conseguia tirar o riso estampado na face. – Você sabe o que há com elas? – Olhou para Mel.

- Provavelmente estão comentando sobre o que aconteceu ontem à tarde.

- O que houve? – Vicky perguntou, sem um pingo de interesse. Quis, apenas, tentar se concentrar em outra coisa. Foram conversando à medida que se direcionavam até a costumeira mesa que sempre se sentavam antes do começo das aulas.

- Sabe o Alex? – Mel perguntou, enquanto se sentava no lugar de sempre. A loira levantou a cabeça na hora em que essa palavra foi pronunciada, agora estava em estado de alerta. - A Bianca está espalhando aos quatro ventos que ontem ele saiu com a doidinha do vidro... – Os olhos de Vicky se transformaram em chamas.

- Ótimo! Muito bom mesmo! – Disse rispidamente. - Como se eu me importasse com os namoricos desse daí! – Respondeu, tentando se controlar, se sentando também e cortando ao meio a fala da amiga.

- Vitória, deixa eu contar o resto! Isso não foi tudo! A fofoca que está correndo desde ontem à noite é que ele a levou para o topo de um penhasco perto da praia, a estuprou e depois a empurrou de lá a sangue frio! – Mel resumiu a história, contando como se achasse tudo aquilo um tremendo absurdo.

-Ai, que super! Ela morreu? – Perguntou a loira, nem se preocupando em disfarçar a animação. Não que a otária do vidro fosse concorrência para alguém como ela, mas é melhor prevenir do que remediar. A possibilidade de Alex ser um estuprador não a incomodou muito.

- Que horror, Vi!

- Morreu ou não morreu?

- Não, não, mas ela se machucou! Está no hospital!

- Deveria ter morrido.

- Não fica brincando com uma coisa dessas! – Mel disse seriamente, mas sabendo que a amiga não estava falando sério, Vicky era extremamente malvada quando era favorável a ela, mas certamente não era uma pessoa que chegava ao ponto de querer, realmente, matar alguém. Ao menos, era o que Mellanie pensava.

O sinal, finalmente, tocou. Era a hora de entrar nas salas de aula, elas se levantaram. Vicky observou novamente o salão amplo, Alex não estava ali, provavelmente, não iria vir ao colégio naquela manhã. Tudo o que conseguiu ver foi mais gente rindo ao passar por ela. Mandy, Jacky e Bianca também estavam tendo um momento muito divertido.

- Ai, elas não aprendem mesmo. Do que as víboras pensam que estão rindo?

- Vi, amiga, está sujo... – Mel apontou para a parte de trás da calça de Vitória, que virou o pescoço para poder olhar.

Encarou a gigantesca mancha marrom que cobria toda a parte traseira da calça de marca, olhou para a cadeira que sentara anteriormente, também estava suja. Mais gente deu gargalhadas ao passar por ela.

- Bem que eu percebi que havia um pote de tinta faltando na sala de artes! – Agora tudo fazia sentido para Mellanie, Mandy usara o pano como desculpa para roubar-lhe um item que serviria para pregar uma peça em sua melhor amiga. O ódio correu em suas veias.

- Ei! Na sua casa não tem papel não? – Zombou um desconhecido, enquanto passava por Vicky e Mel, paradas perplexas, de pé, ao lado da entrada. As patricinhas rivais se aproximaram.

- Queridinha, acho que você deveria ter reprovado na hora do piniquinho do jardim de infância! - A voz fina e falsa de Mandy ecoou pela sala. Jacky e Bianca riram ainda mais alto.

- Os únicos dejetos que estou vendo aqui estão saindo pela sua boca! - respondeu Vicky rispidamente, após se recompor do choque inicial.

- Cuidado com esse nervosismo, fofinha! Uma hora pode sofrer um infarto! E não queremos que isso aconteça, não é? – Perguntou Mandy, estendendo seus dedos finos e tocando o queixo de Vicky, como se amansasse um poodle rosa.

- Onde você aprendeu isso? Na cadeia? – Mellanie interrompeu. – Ouvi dizer que é pra lá que mandam as ladras. – O sorriso no rosto de Mandy sumiu.

- Não roubei nada, fofinha. Apenas peguei emprestado sem perguntar. – Tirou o pote de tinta da mochila e arremessou para Mellanie, que pegou firmemente.

- Prisão é coisa de gente da sua laia, pivete. – Jacky também quis participar. – É lá que eles usam essas roupas nada fashion. Aliás, porque está de luto? – Jacky zombou a roupa da outra, rindo.

- Pela morte dos seus neurônios. – Foi a sua vez de retirar o sorriso da face. Se Rafa não tivesse aparecido de repente e pegado em sua mão naquela hora, já teria partido para cima da branquela.

- Vamos. – Rafa puxou Jacky, que mantinha uma face vitoriosa, pelo pulso antes de dar uma última olhada em Mel. Os quatro desapareceram pela escada.

Vicky tirou a jaqueta branca de couro que estava usando e amarrou na cintura com o intuito de esconder a mancha, em seguida, se junta a uma Mel arrasada, na caminhada até a sala de aula.

~ Ѽ ~

Michelle, como de costume, havia arrumado uma maneira de cabular a aula de terça-feira antes do lanche para assistir Daniel, seu irmão, apenas um ano mais velho, treinando com o time de basquete. De cima da arquibancada alternava olhadas entre o jogo e seu celular que carregava nas mãos. É óbvio que não se interessava nem um pouquinho por basquete, o jogo era só uma desculpa para ficar olhando as pernas do irmão. O árbitro apitou o fim da partida.

- Esse Kadu é mesmo um fominha, ha ha ha. - Michelle desceu as escadas da arquibancada, enquanto manteve os olhos no irmão, e não era um olhar comum, era um olhar de desejo. - Achei que essa porcaria não iria terminar nunca!

- Mas terminou... - Daniel sussurrou em sua orelha, mas logo se afastou. Ele, assim como a irmã, também era muito bonito e não era exatamente o adolescente "normalzinho", tinha cabelos descoloridos, num tom que beirava o branco, e em sua orelha esquerda havia um brinco em forma de alfinete. Porém, era bem mais sociável que Michelle. Fazia algum tempo que a irmã estava agindo estranho em relação a ele, acariciando-o intimadamente, dizendo coisas eróticas bem absurdas e seguindo-o até mesmo em seus treinos de basquete. Ele tentava não se importar com isso, mas era jovem e seus hormônios falavam mais alto. Ao mesmo tempo em que tentava afastar-se, queria ver aonde isso iria chegar... Seus pensamentos insanos foram interrompidos pelo barulho da porta do ginásio. Bianca veio saltitante em sua direção:

- Oi amor! - Disse em tom alegre enquanto passava os braços pelos ombros do rapaz, beijando-lhe a boca em seguida.

Michelle chutou uma das mochilas que estavam na arquibancada, acertando as pernas da Bianca, desequilibrando-a e fazendo tropeçar com o salto enorme. Em seguida, pulou os últimos degraus e correu até a porta, batendo-a com violência.

- Dani, sua irmã é louca! – Disse Bianca perplexa. – O que deu nela desta vez?

- Sabe como é a minha irmã... Ciumenta... - Daniel estava com um sorriso extremamente malicioso no rosto, coisa que Bianca parecia não entender.

- Você fica dizendo isso com toda essa calma, mas olha o que ela me fez - Bianca mostrou um pequeno hematoma roxo na perna.

- Não fica assim - disse, docemente, enquanto acariciava o rosto da namorada - Um mês de detenção já foi castigo suficiente, ela vai aprender, meu pai sabe o que faz. Por algum motivo, as palavras de Daniel pareciam soar como mentira, não, não apenas como mentira, pareciam falas pré-decoradas, as quais ele já havia dito várias vezes.

~ Ѽ ~

- O que diabos você estava pensando? O que, afinal de contas, você quer? Me arruinar? Quer acabar conosco? Alex, desta vez você passou dos limites! - Gritou uma voz grossa e firme do outro lado da linha. - Eu sempre soube que você fazia essas coisas para irritar a mim e à sua mãe, mas isso foi além de qualquer barreira! Isso não envolve somente o meu desgaste e irritação, como também meu tempo e minha campanha política! Você pensa o quê? Que meus eleitores vão gostar de saber que meu filho está envolvido em um escândalo?

- Foi um acidente. - Alex respondeu, cansado de tudo.

- Não me interessa se foi ou não um acidente! O fato é que essa é mais uma das suas artimanhas para chamar atenção. Você acha o quê, meu filho? Acha que é bonito chamar atenção por estar sempre envolvido em desastres? Quando saiu aquela notícia no jornal de você andando em uma moto enorme, passando do limite de velocidade e sem ter ao menos carteira, achei que era o mais longe que poderia chegar! Mas isso do acidente foi insanidade! Eu e sua mãe estamos pensando seriamente em te internar!

- Ah, claro! Esse é o único jeito de se verem livres de mim, não é? O único jeito de calar a minha boca! E, aliás, eu estou bem, obrigado por perguntar!

- Não seja melodramático! Já decorei esse seu showzinho pseudo-ético aí! Vou dar um jeito de calar a imprensa sobre esse seu novo "acidente", mas assim que você chegar em casa, você vai aprender a lidar com as conseqüências do que você faz! Eu e sua mãe sempre fomos muito benevolentes ao que diz respeito à sua criação! Se tivéssemos te criado como criamos seus irmãos, você não seria tão vergonhoso!

- Vergonhosos são você e essa sua política demagoga. Se brincar, você até vai usar isso como método de ganhar votos! - Fez um falsete com a voz, imitando o pai - "Olhem! Vejam como eu estou pagando a dívida hospitalar de uma pobrezinha que caiu de um penhasco! Oh! Como sou bondoso!" Não duvido nada que faça isso! E, quer saber? Me espere sentado para voltar para casa!

- O quê? Você ficou louco? - O pai gritou a ponto de o telefone estremecer. - Vai morar onde? Não me faça rir da sua mediocridade, Alex! Quando nos encontrarmos em casa, vamos ter uma conversa sobre limites.

- Me espere sentado, já disse. Só tome cuidado para não se cansar! - Alex retrucou, antes de desligar o telefone na cara do senhor influente que não considerava ser seu pai.

~ Ѽ ~

Mellanie se apressou por entre as pessoas que passavam pelo corredor tentando chegar aos seus destinos, ela estava atrasada. O diretor Nakaíme tinha conversado com ela e dado ordens explícitas que orientasse o trabalho de Bianca, que o recebera como forma de detenção, no departamento de artes. Já estava atrasada, visto que tinha passado muito tempo do intervalo chorando dentro de um dos box do banheiro feminino.

Não queria deixar que os outros a vissem naquele estado. Mellanie nunca gostou de revelar suas fraquezas, ao contrário, sempre zelou para que todos vissem o quanto era forte. Mas aquilo que se passara mais cedo a deixara totalmente sem chão. Era cruel aquilo que teve que presenciar. Rafa pegando na mão de Jacky para evitar que as duas brigassem. Como se houvesse alguma chance, mesmo que remota, que as duas seriam, algum dia, amigas. Ele era simplesmente inacreditável! Como se não bastasse as coisas que havia lhe dito antes de começar as aulas, depois o fato de ter namorada, agora isso! Exibindo o romance, quase esfregando-o na cara dela. Isso não iria ficar assim, "esse jogo é para dois", pensou decidida.

Desviou de um núcleo de alunos que estavam jogando cartas no meio do corredor, mas não conseguiu evitar de pisar na mão de um deles, que estava sentado no chão. Bianca já deveria estar esperando por ela e, certamente, iria reclamar ao diretor do atraso de Mel. Essa era outra que Mel detestava, além de ser enxerida e bisbilhoteira, também estava espalhando fofocas por todo o colégio. Sem contar que era do grupinho de Jacky, a galinha de macumba.

Finalmente, avistou a porta da sala de artes, estava fechada. Girou a maçaneta e entrou na sala colorida. Parou abruptadamente quando percebeu que Bianca estava lá, de pé ao lado dos objetos pessoais de Mellanie, segurando uma pílula branca entre os dedos polegar e indicador. Olhou para Mel, ao mesmo tempo perplexa e sorridente, então disse:

- Ai meu Deus...Você está grávida!

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10 comentários

quinto capítulo já!! ♥

amei

ass: jeeh

achei bem inovador, e ao mesmo tempo tem tudo o que uma boa novela deveria ter, f-o-d-a!

Naoo teem o 5????

=/

capitulo mto legal...

novela mto boa...

mas...qe lixo de musika é essa?!?

qe coisa horrivel!!..

isso acaba com os meus ouvidos...

mandem qem canta essa musika pra cadeia!!!

cooitadoo do Alex, fikei com pena deli ... mais gostei sim e Amanda, vc podi naum ter gostado mais naum precisa fazer essi drama, e eu gostei da musika!

Qndo sai o proximo capitulo???
estou suupeer curiosaaa...espero q nao demoree!! hahahah

Tá muito legal, só que tinha que postar com mais frequencia, é muuuuito³ ruim ficar curiosa pra saber o que vem no proximo cap. kkk

posta logo o outro capitulo, pq quando vc vai posta eu ja esqueci de tudo qe aconteceu, ai a novela fica mto CAPENGA...

Meu nome eh Leticia.....Plixx posta logo o 7º,8º,9º,10º... capitulo!!
Naum aguento mais esperar!!!
Daqui a pouco vou morrer de ansiedade e curiosidade!!....
Bom agora em janeiro eh ferias.. da pra vc postar bastante....e acabar com essa novela antes de começar as aulas!!....pq fika mais dificil eu mexer na net em epoca de aula!!...
Bom eh isso...POSTA LOGO PLIXXX..
Bjaoooo...e parabens pela novela...vc tem mta criatividade!!!
Naum vejo a hora de descobrir os secredos q tem por traz de cada personagem aii!!!!...huahuahua
bjus

Oie a novela e mt boa!!!
pena q demora mt a post!!!
post com + frequencia!!!!

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