Ѽ Capítulo 2: Vergonha
Posted- Como vou saber quem é essa coitada? - Perguntou Vitória a Mellanie - Com certeza é alguma suburbana que não sabe olhar por onde anda, ou é tapada demais para tal. - Zombou Vicky em um alto volume.
- Minha convicção de tapada é uma patty inútil e enjoada que não sabe ser prestativa. - Ecoou uma voz masculina vindo do fundo do salão que já estava lotado na espera do início das aulas, ouviu-se risadas.
Um garoto bonito e forte apareceu entre as pessoas que estavam rindo, mas mantendo distância, da garota ainda caída. Alex balançou os cabelos lisos, pretos e grandes enquanto encarava Vicky com uma ruga entre as sobrancelhas grossas e alinhadas. Vicky deixou o queixo cair, o garoto era perfeito, branco como mármore, forte como rocha viva e seu olhar zangado e frio só o deixava mais charmoso. Não durou mais de 2 segundos esse olhar enraivecido, foi ajudar a garota estendida no chão do pátio.
O sangue jorrava da cabeça de Camilla e começava a sujar o chão. O sinal bateu e a massa de alunos começou a se dissipar para as salas de aula. Alex pegou a garota no colo e caminhou com ela em direção à enfermaria enquanto Vitória ainda estava em choque por alguém ter ousado desafiá-la na frente de todos. Mel pegou a mão da amiga e a puxou em direção à sala, Vicky relutou um pouco, depois cedeu.
Alex ainda estava irritado com o episódio, chegou até a enfermaria ainda pensando em palavrões. A porta estava trancada.
- Ah, acho que ainda não iniciaram o expediente - Disse nervoso, achando aquilo tudo um absurdo. A garota gemeu de dor. Alex colocou-a no chão do corredor, apoiou a cabeça dela em sua mochila, como se fosse um travesseiro. - Como se sente?
- Tonta. - Disse a garota com a voz fraca e colocando a mão na cabeça onde havia o ferimento. Olhou a mão cheia de sangue. - Legal... Meu pai vai me matar.
Alex riu.
- Te matar porque você se machucou? Foi um acidente!
- Eu sei... Deveria prestar mais atenção ao andar, mas estava tão atordoada que não vi a porta de vidro.
- Acontece até com os mais atentos. - Falou o garoto, mais calmo, sorrindo.
Milla sorriu sem graça, olhou para os olhos claros do garoto, percebeu como tudo parecia menos atrapalhado quando ele estava por perto. Sentiu-se bem, pela primeira vez no ano, sentia-se segura, mesmo que não conhecesse aquele garoto de personalidade muito excêntrica.
- Mas... E a aula? - perguntou preocupada. Como se já não bastasse passar vergonha na frente de todos em seu primeiro dia de aula, ainda estava fazendo o garoto perder aula inutilmente. Na verdade, não só no momento, como também em toda sua vida Camilla se sentia apenas um fardo, tanto para o pai, que fazia questão de lhe repetir isso, tanto quanto foi para a mãe, já falecida.
Camilla sentiu o estômago revirar em sua barriga, ela era o tipo de garota que nunca estivera no centro das atenções, não por uma coisa boa. Nunca fora rainha do baile, presidente da classe, organizadora do comitê de formatura, capitã do time do colégio, nunca fizera nada que pudesse se destacar. Se sentia como se não tivesse qualidades e, pelo fato de mudar de escola constantemente, percebeu que era melhor ser ignorada do que notarem a sua total falta de bons atributos.
Nunca conseguiu se encaixar em um grupo, mas pelo menos nunca fora o "alvo" para os que, realmente, tinham os holofotes sobre suas cabeças.
Então se lembrou da real causa do acidente, acidente este que a fizera perder totalmente o rumo e a consciência do vidro sólido a poucos metros de sua cabeça.
Lembrou-se de estar no pátio principal do colégio, a poucos metros da entrada principal, onde estava inquieta e pensativa, além de, é claro, nervosa.
A indecisão corroía a sua alma, estava indo de um lado para o outro imaginando se deveria entrar agora e ser notada por aqueles que estavam dentro da instituição sentados às mesas da cafeteria, ou se deveria esperar o sinal bater para que a maioria dos alunos se dirigisse para as salas e pudesse entrar sem ser notada.
Olhou para os lados, viu uma garota cujo rosto lhe parecia familiar. Encarou-a por um tempo e percebeu que era a menina que vira gritando com o pai no corredor esta manhã. "Muita coincidência", pensou. Talvez pudesse ser amiga da garota, afinal, as duas teriam vindo das mesmas raízes: a classe média baixa do Rio de Janeiro.
Estava absorta em seus pensamentos, indo e voltando, indagando-se se deveria entrar ou ir lá tentar falar com a menina conhecida. Deu alguns passos para frente, quando sentiu algo duro chocar-se contra seu corpo.
- Ai! - Exclamou o pedaço de sólido com o qual colidira.
- D...desculpe. - Milla falou, meio desajeitada, abrindo os olhos e encarando a garota mais loira que já vira na vida. Os cabelos encaracolados e de um louro claríssimo de Amanda, ao Sol, quase cegavam-lhe os olhos.
A loira cerrou as sobrancelhas.
- Sua retardada! Olha só o que você fez! - Mandy puxou uma parte da blusa que estava usando e apontou para uma marca de suco de uva, perto do símbolo da Ralph Lauren. Claramente, a novata havia derramado na blusa de Mandy o suco que a própria segurava quando trombara com ela, por acidente.
- Não foi... hum... juro que eu não quis... quero dizer... não foi a minha intenção.. - Tentava se explicar para a loira, que não queria ouvir nenhuma justificativa, apenas cerrava ainda mais o olhar. Milla vislumbrou o rosto de Mandy e se lembrou dos olhos de uma cobra, prestes a dar o bote.
- Você acha que as suas desculpas vão me comprar uma blusa nova? Acha que o seu papai do interior pode pagar sequer a manga da minha roupa? Tenho certeza que minhas vestimentas de hoje custam o dobro do que ele consegue ganhar no ano inteiro! Você vai me pagar, está me escutando? Você acha que eu não sei quem você é? Acha que, quando eu vi essas suas roupinhas bregas e foras de moda sem combinação lógica nenhuma eu não percebi que você é a nova bolsista? A maçã podre no meio das maçãs vermelhas e brilhantes? - A loira urrava de raiva e ia despejando todos os seus insultos sem, sequer, parar para respirar.
- E-eu já... já disse que... - Camilla ia ficando desesperada. Como estava acostumada a ser uma partícula invisível no seu antigo colégio, não sabia como reagir nos casos em que era atacada de frente. Seus instintos lhe falaram para correr e ela os ouviu.
Correu desesperada sem nem olhar para onde estava indo, passou pelas portas principais e vislumbrou a cafeteria, ali estaria a salvo. Sua ingenuidade de criança recém-crescida achava que Mandy não poderia humilhá-la nem agredí-la ali, na frente de todos. Pobre garota suburbana... Mal sabia que as maçãs vermelhas e brilhantes eram as mais venenosas.
Foi aí que sentiu o encontrão, ouviu os estilhaços de vidro e tudo apagou.
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A sala de aula estava fria e agitada, Vicky olhou para as paredes em tom bege pastel. Seu humor tinha chegado ao fundo do poço. O professor ainda não havia chegado à sala, provavelmente estaria atrasado com a reunião de abertura na sala dos professores, por isso o barulho que seus colegas produziam era quase ensurdecedor, mas ela não ouvia nada. Estava, praticamente, em estado vegetativo.
Além de achar História a aula mais tediosa do século, ainda estava perplexa com o atrevimento daquele garoto. Sendo assim, sua mente continuava a vagar por ambientes desconhecidos. Como um novato se atrevera a destratá-la daquela maneira na frente de todo o colégio? Ela era, praticamente, a princesa do Marine High! Quanta ousadia! "Ele é bonito, aliás, perfeito...", seus pensamentos a traíram.
"Não importa! Ele vai ter que aprender que comigo não se brinca!", sua mente voltou a se concentrar e tentou pensar em todos os palavrões que conhecia, mas a imagem daquele anjo de olhos claros não abandonava a sua mente. Continuou divagando por indefinidos minutos, até que um objeto passou a poucos centímetros de seus cabelos louros e lisos.
Um estrondo gigantesto interrompeu a balbúrdia que estava se passando na sala. Vicky virou o rosto para praguejar contra a criatura que quase lhe acertara o rosto com uma agenda. A japonesa que viram a pouco, com seus cabelos ruivos na altura do pescoço, assim como seu vestuário, composto por uma saia xadrez, blusa de alça preta, coturnos e meias arrastão estava em posição de ataque contra Bianca, confidente, "amiga" e "cachorrinho" de Jacky e Mandy, que fazia tudo o que elas pediam.
A japonesa Michelle não era vista com bons olhos pela maioria dos alunos do local e, na verdade, estava se lixando com todos eles. Uma coisa, porém, Vitória não poderia deixar de admitir, a japa era bonita. Muito imprevisível e desequilibrada, mas bonita. No meio da briga, atirara todo o material de Bianca no chão e arremessara a agenda na primeira direção que vira e não se importou nem um pouquinho de quase ter acertado Vitória.
- Você vai ver, garota! - Ameaçou Bianca em plena fúria, com chamas saindo pelos olhos negros, assim como a pele.
- Vou ver o que, escrava? Não me faça rir! - Michelle pegou uma caneta do estojo de Luciano, o garoto mais próximo de onde estava, e arremessou contra Bianca, que desviou, deixando a caneta acertar os óculos de um garoto desconhecido na última fila. Ouviu-se um "Ai!".
- Vou te meter um processo nessa tua cara! Você tem pura inveja de mim, sua racista! - Bianca arremessou sua borracha cor-de-rosa em direção à japonesa, a borracha passou voando a poucos centímetros da orelha esquerda de outra menina sentada na segunda fila.
Michele sorriu triunfante e olhou a adversária de cima a baixo.
- Ha! Ha! Ha! Então pare de fazer escova no cabelo ruim e só depois venha me chamar de racista, sua neguinha! - dizia a japa, quase berrando.
Os alunos, incluindo a própria Bianca olhavam surpresos para ela. Até que a mesma decidiu se levantar da cadeira, levando o bate-boca à outro nível. Assim são as maçãs vermelhas e brilhantes: parecem finas e requintadas aos olhos de quem não pode tê-las e nem pode chegar aos seus pés, mas assim que sua árvore é balançada, elas caem e mostram seu verdadeiro recheio.
Bianca partiu para cima da garota, que lhe meteu um pontapé no estômago e a fez gemer de dor. Colocou as mãos na frente da barriga, e se ajoelha com o ferimento, mas logo decide puxar a perna da japonesinha, derrubando-a no chão, assim, as duas começam a se engalfinhar no meio da sala de aula.
A classe foi ao delírio, fazendo uma roda envolta das duas para ver mais de perto a pancadaria. Porque, na verdade, era isso o que os pomposos do Marine High chamavam de diversão: barraco. Todo esse barulho, enfim, chama a atenção do inspetor do corredor, que correu para apartar a briga.
Foi um pouco difícil separar as suas alunas, ambas pareciam estar grudadas aos cabelos e ao pescoço da outra. Levou as duas até a direção, acabando com toda a diversão da turma, ao menos era o que Vicky pensava, voltando novamente os olhos para o relógio. Pelo menos até sentir algo cutucando sem ombro, era Mel:
-Essa tal de Michelle é mesmo doida. - Sussurou.
-Você conhece essa coisa? - perguntava Vicky enojada.
-Não que eu queira...o irmão dela é amigo do Rafael, acabei conhecendo.
-Você precisar checar melhor as amizades do seu futuro marido. - dizia em tom de deboche, coisa que não agradou Mellanie nem um pouco. Vicky não se importou - Mas não fique assim, se quiser, posso te dar umas dicas de como tira-lo da galinha de macumba!
As duas olharam para Jacky que, minutos antes, estava inconfundivelmente furiosa com a situação e, aparentemente, inconformada com a injustiça da amiga ter sido agredida e ainda ter sido levada à direção, mas agora que Bianca já saíra, Jacky estava olhando tudo com o mesmo sorrisinho torto de sempre, conversando com a vizinha da sua carteira.
- Acho que você deveria se é preocupar mais com o seu próprio namorinho, que anda conturbado já faz um tempo - Mel chegou a pensar, e até dizer essas palavras, mas quando o fez perdeu a coragem, deixando-as beirando entre a linha do escutável e do inaldível.
Definitivamente, se fosse ouvida, a briga da Michelle e Bianca não seria a que causaria mais estragos.
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Depois de muito esperarem, a enfermeira finalmente chegou. Abriu a porta na qual estava colada o cartaz escrito "Enfermaria" e deixou os dois jovens entrarem para uma salinha arejada e totalmente pintada de branco. Ela olhou espantada para o machucado na testa de Camilla e começou a limpá-lo, fez um curativo logo em seguida.
- Você está bem, querida? - A senhorita encarou-a com olhos castanhos escuros e doces que combinavam com um sorriso bondoso.
- Estou sim - Camilla sorriu falsamente, ainda tonta, mas não querendo preocupar nem ser um estorvo para outra pessoa.
- Você pode ir para casa. Não aconselho a ficar na escola e nem ir para casa sozinha, é provável que você não se sinta muito firme pelas próximas horas por causa da medicação que lhe dei para a dor.
- Meu pai está no trabalho... Não pode vir me buscar.
- Não pode telefonar para ele e contar a situação?
- Não! - Exclamou a garota em um surto que assustou a enfermeira - Quero dizer... Ele está muito ocupado hoje, não pode mesmo. - Fez uma cara de decepcionada, mas no fundo sabia que não poderia interromper o pai no serviço, seja lá o que ele faz, ficava muito bravo quando era interrompido. E, não é preciso acrescentar, que ele sempre a lembrava de que Milla não passava de um empecilho em sua vida. Não, definitivamente não ligaria para o pai.
A enfermeira encarou Alex e foi como se uma lâmpada acendesse em cima de sua cabeça.
- Será que você pode levá-la, querido? - Abriu um sorriso enorme e cheio de dentes, arregalou os olhos mostrando quase uma súplica. Alex se viu sem saída.
- Hum... E as aulas?
- Eu dou um atestado liberando vocês dois, que tal?
Agora foi a vez da lâmpada acender dentro da cabeça de Alex. Haveria coisa melhor do que faltar ao primeiro dia de aula, se livrar da escola e enfurecer todos da família ao mesmo tempo? Seria quase como um combo natalino... só que de desgosto. Sorriu.
- Sim, claro. Nesse caso, eu a deixo em casa! - Sua constante cara fechada foi se contorcendo de entusiasmo. A enfermeira sorriu e saiu da sala para buscar os papéis.
Camilla estava zonza, mais de vergonha do que pelo machucado em si, fazia muito tempo que não ficava sozinha com um garoto, um garoto mais velho que ela.
- Não sei... - Hesitou - Não sei se seria bom perder todo o primeiro dia de aula.
- Por que? São exatamente nesses dias que não passam nada e, mais, o que podem te ensinar de tão precioso agora que você não poderá aprender depois? Tenho certeza que podem tentar te ensinar Cálculo da Falsidade e Hipocrisia Geral 1 e 2 amanhã! - Riu o garoto, vendo que sua tentativa de matar aula e usar Camilla como desculpa já estava indo ladeira abaixo, decidiu usar outro artifício para se aproximar dela - E então, já sabe em que sala está?
- Segundo ano 2...
- Ah! Você está na mesma sala da Mandy e do Rafa ...
- Quem são? - Perguntou a garota parecendo interessada, mas se esforçando ao máximo para prolongar a conversa com aquele cara lindo.
Alex passou as mãos fortes nos cabelos, jogando-os para trás:
- São dois inúteis. Aquele tipinho que se morrer nem faz falta, sabe?
- Parece que você não gosta deles mesmo...
- Não, não gosto. O Rafa se acha "o" maioral porque joga no time de basquete do colégio e anda com o Kadu que, pelo que percebi, é o "popularzinho" daqui. Odeio essa gentinha fútil que eles são. O Rafa tem o mesmo cérebro de um girino e a Mandy é intragável. Ouvi dizer que ela estava aos prantos hoje porque derrubaram suco de uva na blusa nova dela.
- Ah... - Camilla olhou para baixo. Agora sabia quem era Mandy.
- Que cara é essa? Acho melhor sairmos daqui logo... - Alex estava contente demais por essas situações favoráveis a ele.
- Tudo bem.
Milla sorriu e, ao mesmo tempo, o garoto sorriu por dentro. Não podia esperar para ver a cara dos pais ao ficarem sabendo que ele havia faltado na escola para andar de moto com uma garota. Claro que a história não era bem essa, mas Alex não iria contar a versão verdadeira... Ela não faria uma veia enorme brotar na testa da mãe.
- Bom, já mandei os atestados para serem carimbados pela recepção. Um de vocês deve passar lá para buscá-los e depois estão liberados! - dizia a enfermeira, tocando-os ambulatório à fora. O sinal tocou e os corredores se encheram de alunos novamente. Alex disse:
- Você não está se sentindo bem... Espere aqui enquanto eu pego nossa permissão para sair! -Após pronunciar essas palavras, sumiu de vista e a deixou sozinha naquele lugar enorme. Milla olhou para os lados, o corredor estava cheio, os alunos estavam esperando o professor do próximo horário entrar.
-Olha se não é a vagabunda que estragou minha blusa... e a porta! - dizia Mandy para Jacky, às gargalhadas, apontando para Camilla, que tentou ir na direção oposta, mas estava tonta demais e caiu.
Todos começam a rir, Milla tremia, tentou se levantar, mas a tontura e o nervosismo tornavam seus movimentos pouco firmes e precisos. Caiu novamente. Mandy olhou para os lados, não vira nenhum funcionário da escola e aproveitou a oportunidade. Chegou o rosto branco cera perto do rosto corado de Camilla e sussurrou:
- Acho melhor você tomar mais cuidado, queridinha. - Passou as mãos finas nos cabelos ondulados e acastanhados da garota. Fez uma careta e exclamou bem alto - Cheiro de lavanda, que nojo.
Jacky e Rafa riram alto. Mandy se afastou.
- O que vocês estão fazendo? - Perguntou Alex aos gritos, do outro lado do corredor. Encarando a cena de Camilla ao chão e Jacky, Mandy e Rafa encarando-a como se fosse um pedaço de carne. Todos os outros alunos do corredor viraram os rostos e olharam para ele. Era a segunda cena que fazia no primeiro dia de aula.
Mandy desviou o olhar da garota estendida no chão e olhou para Alex de cima a baixo, examinando-o. Suas pupilas dilataram ao dar de encontro com a beleza do garoto, mas seu olhar esnobe, sua marca registrada, foi impassível.
- Não acho que seja da sua conta, fofinho. - Mandy sorriu amarelo e virou o rosto como quem dá um tapa na cara. Alex, com sua personalidade forte e explosiva, fez menção de tocar as costas de Mandy. Rafa entrou em sua frente.
- Segura a onda aí, cara. É melhor pra você. - Cruzou os braços. Alex não se intimidou com a ameaça. Mandy e Jacky voltaram a olhar para ele. A incredulidade era visível em suas faces tratadas à oleo de amêndoa rara, o novato não seria capaz de agredir Rafa. Não, era surreal demais, um atrevimento.
- Alex, vamos... - Milla estava de pé, pegou os braços fortes do Sr. Perfeição e, com custo, levou-o o mais afastado que pôde. O olhar dele ainda estava grudado no do Rafa.
- Depois terminamos nosso assunto, queridinha. - gritou Mandy acenando e indo embora junto com Rafa e Jacky.
- Você está bem? - Perguntou Alex ainda furioso. Com certeza, não havia nada que o deixava mais enfurecido que milionários esnobes.
- Sim, vamos sair daqui. - Milla tentou acalmá-lo. Ele não sorriu.
Ele a conduziu até o estacionamento onde uma moto 900 Shadow estava parada junto a dois outros carros de luxo.
- V-você tem uma moto? - Perguntou a garota, incrédula.
- Tenho. - Respondeu ele, fechado e sem mais detalhes.
- V-você pode ter uma moto? - Ainda sem acreditar naquilo que seus olhos viam. A moto era enorme! E ela não entendia nada de motos, mas achava o veículo mais bonito que já vira. Em tom de vermelho sangue, a moto quase implorava para ser usada.
- Não.
- Como seus pais deixaram então?
- Não deixaram. - Viu a cara de espanto da garota - É exatamente por isso que eu tenho. - Foi só então que sorriu.
~Ѽ~