Começava mais um dia de verão em Copacabana, bairro luxuoso do Rio de Janeiro. E, logo cedo, já podemos ter a leve impressão de que não era só o clima que estava quente. Na cobertura de um dos altos prédios, dois jovens, de idade entre 16 e 17 encontravam-se em casa, sozinhos.
Parece que os pais ausentes não fazem idéia do quanto deixar adolescentes sozinhos em casa poderia gerar problemas futuros. Enroscados no sofá do átrio grande e pouco iluminado, estavam Vitória e o namorado Carlos Eduardo, apelidado de Kadu. Ambos provindos de famílias tradicionais luxuosas e de alta classe, pareciam ter perdido toda essa classe em minutos largados no sofá onde os pais, ingênuos, acreditaram que suas "crianças" estariam fazendo o dever de cálculo.
De certa forma, isso não era totalmente mentira, haja vista que Kadu estava mesmo calculando milimetricamente cada parte do corpo de Vicky. O jovem rapaz moreno e de cabelos lisos nem muito compridos, nem muito curtos estava jogado em cima da namorada, envolvendo-a ternamente em um beijo longo e intenso. Eles eram namorados por um bom tempo.
Os pais diziam que eles eram o casal perfeito (perfeito para o selo do acordo de negócios entre as família, claro), os amigos afirmavam que eles formavam o casal perfeito (perfeito porque os dois pareciam que haviam saído de uma capa da VIP Magazine), já o resto do colégio Marine High, onde estudavam, se perguntava, todos os dias, o que haviam feito de ruim para merecer a união da cascavél com a surucucu (mas estes, eles ignoravam porque, em sua teoria, não passavam de invejosos). Ao que parece, o mundo inteiro, com exceção dos "invejosos", admirava a relação dos nossos pombinhos... Mas o que haveria de errado?
Eles tinham dinheiro, beleza, fama e, o mais importante, influência. O que poderia estar faltando? O nosso casal perfeito falha em um quesito que poderia passar despercebido para a alta sociedade: o amor. Era inegável que os dois tinham pelo outro uma extrema "afinidade física", um desejo de fonte inesgotável... Mas Vicky não sentia seu coração bater mais rápido quando via Kadu, não se importava em vê-lo a todo momento e, na verdade, às vezes até esquecia de sua existência.
Kadu fazia a mesma coisa, azarava garotas, voltava tarde do futebol, bebia excessivamente e nem sequer importava se Vicky estava doente ou com problemas. Eles, simplesmente, não tinham nenhuma conexão amorosa, mas a insistência dos pais e a ligação carnal faziam bem o seu trabalho. Isso também é óbvio, visto que os dois estavam pegando fogo no sofá da sala do apartamento de luxo. Kadu, com seus 1,85m, quase não cabia no sofá, mas continuava firme na tarefa de ficar em cima da garota enquanto segurava seus longos cabelos loiros com uma das mãos grandes, com a outra, alisava as coxas de Vicky em movimentos frenéticos.
Vicky acariciava os músculos definidos do braço direito do rapaz enquanto deslizava a outra mão pelo tórax igualmente definido e ia descendo, descendo... E, quando chegava na zona mais sensível de Kadu, subia aos mãos novamente ao ombro. Ah como ela sabia as maneiras de atiçar um garoto... E no meio desses beijos intermináveis e fogosos, eles iam perdendo não só aqueles bons modos que faziam o esforço de demonstrar a todos, mas também as roupas.
Kadu sentou-se no sofá, levantou Vicky com seus braços fortes e colocou-a em seu colo, passou a mão pela sua barriga até chegar em seus seios que, há essa altura, estavam somente cobertos pelo sutiã e massageou seu peito lentamente enquanto beijava seus lábios carnudos. Então começou a beijar seu pescoço, depois sua clavícula, seu peito, seu umbigo... Ouviu a respiração da namorada começar a se acelerar e sua voz gemer:
- Pára, pára...
- O que foi? Tu não gosta quando eu faço assim? - Deu outro beijo profundo no pescoço dela.- Você sabe que não é isso. A gente já conversou sobre...
- Sexo?
- É.
- Por que não quer transar comigo? Fala sério, Vitória! A gente já está namorando faz uns 4 anos e a gente nunca passa... disso.
- Vamos ter a mesma discussão de novo? Já te falei que a gente vai fazer aquilo quando eu quiser.
- Não fale "fazer aquilo" como se você fosse pura demais para não dizer "sexo". Nós dois sabemos o quão pura e imaculada você é.
- Como se atreve? - Bradou a garota, já pegando as suas roupas pelo chão e tentando se recompor.
- Não venha com esse teatro para cima de mim. Tu sabe que eu te conheço bem.
- Não me conhece o bastante. - Dizia em tom ríspido enquanto terminava de ajeitar o cabelo com uma escovinha de bolsa - Não me provoque, Carlos Eduardo. Só porque estamos nesse relacionamento tempo demais, não significa que eu queira, você sabe... E, como todas as outras decisões importantes no nosso namoro, tudo depende de mim.
- Então vai ser assim? - O rapaz rugiu em tom decepcionado.
- Vai. - Retrucou a garota em tom de "ponto final" - Agora tenho que ir, primeiro dia de aula e tenho que me arrumar. Ahh olha! Sua mãe chegou!
Uma senhora elegante e aparentemente nova apareceu com estilo pela porta da frente, abriu um sorriso quando se deparou com Vitória:
- Ah, como vai querida?
- Muito bem, obrigada! Sinto dizer que tenho que ir, Sra. Crosara, até a próxima! Ah! E minha mãe disse que vai mandar a Shirley fazer aquelas tortinhas que a senhora tanto gosta! Depois trago. - Respondeu Vitória já se levantando do sofá e indo em direção à porta.
- Tudo bem, querida! Como foi o estudo de cálculo?
- O resultado deu zero - Disse a garota maliciosamente e saindo pela porta.
- O que foi isso? - Perguntou a mulher aparentemente confusa.
- Relaxa mãe, doideira dela. Vou tomar banho, o que tem no almoço?
- Vamos almoçar fora, seu pai me disse que tem novidades para nos contar!
- Ah, provavelmente ele vai começar a comercializar sapos do Haiti ou sei lá.
- Carlos Eduardo!
- Banho! - E saiu correndo em direção ao quarto.
~Ѽ~
No mesmo horário, em um bairro menos luxuoso, a Tijuca, uma menina da mesma idade se encontrava muito animada com o seu primeiro dia de aula no Marine High, seu novo colégio, onde ganhara bolsa de estudos integral. Camilla, chamada de Milla carinhosamente por seu pai, não estava na mesma situação econômica das nossas outras cobrinhas. Não tinha mais a mãe e o pai, um escritor mal sucedido, conseguia sustentar a família com perfeição, mas não conseguia dar o luxo e a ostentação que a sociedade capitalista tanto preza.
A garota, a qual possuía lindos olhos cor de mel e cabelos castanhos que lembravam uma plantação de trigo, arrumava alegremente a sua mochila já meia surrada onde enfiava, cuidadosamente, seus livros usados e de segunda mão. Não era que Milla fosse algum tipo de gênia nem nada, mas no ápice dos seus 16 anos já ganhara vários prêmios estudantis, além de, é claro, a bolsa no Marine High. Mal sabia ela que tipo de problemas a aguardavam neste lugar tão cheio de criaturas maliciosas.
Ouvira murmúrios do lado de fora do apartamento antigo, abriu silenciosamente a porta e colocou o olho na fresta, espiando o corredor do prédio. Haviam duas pessoas ali, um senhor mais de idade e outra garota, visivelmente irritada que balançava os cabelos pretos, curtos e crespos de um lado para o outro enquanto esbravejava sem se importar com o chilique no meio do corredor.
- Eu não acredito nisso! Você só pode estar brincando com a minha cara!
- Qual é o problema, Tânia? - Perguntou o homem em voz baixa, mas claramente já irritado com a ceninha da filha - É o meu trabalho, ora! É um trabalho digno como qualquer outro e é ele que coloca o prato de comida na mesa.
- Então eu preferiria passar fome! - Gritou a menina aumentando ainda mais o tom de voz - Você não enxerga que está estragando a minha vida?
- Estou te sustentando, filha!
- Você está me dizendo que ganhei uma bolsa em uma escola de luxo em Ipanema, até aí tudo bem, mas depois me diz que ganhei essa droga por causa do sue novo trabalho de faxineiro? Hahaha! Você acha que me orgulho de você? Acha que é digno limpar banheiro de gente rica? Acha que é bonito se ajoelhar e ser escravo deles?
- Não sou escravo de ninguém, Tânia! Sou um funcionário, eles me pagam por isso! E são muito generosos em te ceder a bolsa!
- Eu não quero essa bolsa, deu pra entender? Não quero ser "a filha do faxineiro".
- Mas você vai ser sim. Certas coisas a gente não muda, Tânia. Você não pode mudar de pai e não pode mudar de escola. Já te matriculei lá e todas as outras escolas já deram como encerradas as matrículas. Não pode ter vergonha de onde veio.
- Eu posso e tenho. - Disse a garota alterando ainda mais a voz - Então está certo. Eu vou para lá, mas você vai fingir que não me conhece, entendeu? Não vai dizer a ninguém que sou sua filha. Não vai falar comigo e nem olhar para mim. Se eu passar em um corredor em que você está, você vai mudar de corredor. Ficou claro?
- Para quê isso, filha?! - Suplicou o velho.
- Essa é a única condição, João.
- Se eu não fizer isso, você não vai à escola? - Perguntou o velho baixinho.
- Não. - Respondeu a garota, decidida.
- Tudo bem, eu faço. - O velho abaixou a cabeça e continuou andando, olhou para trás, viu que a filha não o acompanhava - Você não vem?
- Vou pegar o ônibus.
Camilla ouviu um barulho dentro de casa, seu pai apareceu na porta da cozinha.
- O que está fazendo?
- Nada, papai. - A menina sorriu e fechou a porta.
- Já está pronta pra escola?
- Sim, estou! Vou pegar a minha mochila - Desapareceu dentro do quarto.
~Ѽ~
- Ai Mel, eu não sei mais o que faço com o Kadu, amiga. - Confessou Vicky para a melhor amiga enquanto as duas estavam sentadas em uma mesa no pátio da escola.
- Vicky, querida, termina logo com ele. Você não gosta dele e namora ele desde, hum, a pré-escola? - Zombou a garota de pele branquíssima, cabelos muito pretos e olhos verdes penetrantes.
- Não exagera. Não posso terminar com ele, minha mãe me mataria! Além do mais, ele é lindo! - Os olhos da loira brilharam.
- Ahh qual é! Tem muito cara fofo no colégio! O Kadu não é o único gato daqui.
- O que está querendo dizer, Mel? Você, por acaso, está insinuando que meu namorado não é o cara mais lindo desse colégio inteiro?
- Não, imagina! - Gaguejou a garota - Eu só quis dizer que há outras opções, não é de hoje que você reclama da sua relação com o Kadu...
- Eu sei! Mas terminar com o Kadu seria desistir de vários... privilégios, se é que você me entende. Sem contar que somos o casal mais badalado dessa instituição.
- O que foi que ele fez esta vez?
- Ah, as coisas entre nós vêm ficando muito quentes... Acho que a gente está prestes a transar, mas eu não tenho certeza que quero.... Sabe? Acho que cada garota imagina sua primeira vez e, de repente, você se dá conta que a sua situação atual não tem nada a ver com aquilo que você sempre idealizou... - Vicky fez uma cara triste e, ao mesmo tempo, pensativa.
- Você já tentou falar com o Kadu sobre isso? - Mel colocou as mãos nos ombros da amiga na tentativa de confortá-la.
- Falei. Discutimos muito hoje, a briga foi feia. Estou muuuuito chateada com ele.
Kadu entrou no pátio juntamente com o seu melhor amigo, Rafael, avistou as garotas na mesa e foi diretamente ao seu encontro.
- Meu amor! Está animado para seu primeiro dia no terceiro ano? - Vicky disse alegremente e passou os braços em volta do pescoço do namorado com dificuldade. Kadu era alto, talvez por esse motivo, fosse a estrela do time de basquete.
- Bom dia amor! - Kadu beijou os lábios de Vicky - Bom dia Mel!
- Bom dia Mel! Como passou o resto de férias? - Perguntou Rafa para a garota sentada ao lado da namorada do melhor amigo.
- Muito bem, obrigada. - Respondeu Mel, visivelmente irritada e com olhar de cobrança
O clima ficou tenso e as trocas de olhares revelaram muito mais do que poderia ser dito.
- Ahn... Rafa e eu temos que ir, linda... - Kadu percebeu que o mais sensato era ir embora dali o quanto antes - Temos que nos inscrever no campeonato deste ano e tal... Te vejo na hora do intervalo! - Gritou para a loira, já se afastanto e empurrando Rafa consigo.
- Mel, o que foi isso? - Vicky perguntou assutada.
- Ah, nada de mais. O Rafa não entende certas coisas.
- Então ele ainda está apaixonado por você? - O entusiasmo brotou em sua face - Ahhh amigaaa! Isso é ótimo! Já pensou que legal? Ele é o melhor amigo do Kadu, você é minha melhor amiga, poderíamos sair os quatro juntos!
- Vicky, não começa. Eu e o Rafa não temos nada a ver. E, além disso, se ele gostasse mesmo de mim, não namoraria aquela piranha. - Acenou a cabeça na direção de Jacky, que estava acompanhada por seu grupinho habitual.
- Argh, não suporto a Jacky, muito menos a Mandy. Por falar no demônio... Onde ela está?
- Deve estar comprando bijouteria na Povão para depois dizer que é da Tiffany's. - As duas riram alto, Jacky percebeu. - Ui, agora ela está vindo para cá.
- Ora ora ora... Se não é a lombriga e a tênia. Achei que depois do acontecimento do ano passado, vocês nunca mais dariam as caras por aqui. - Disse Jacky maliciosamente.
- O engraçado é que, mesmo depois daquela armação que você e Mandy aprontaram, eu ainda sou a garota mais popular do colégio. Ah e não adianta dizer que não foi obra de vocês, nós sabemos os piolhos que criamos. - Sorriu Vicky.
- Mais popular do colégio? Quem fez essa votação? A Gazeta da Fofoca? - Riu Jacky - Admita que aquele jornalzinho nunca vai ser uma Vogue.
- Mas nem mesmo o "jornalzinho" considera você alguma coisa. - Disse Vicky com desdém.
- Não vou perder meu tempo com uma invejosa. Qualquer dia te dou uma carona na nova BMW que minha mãe me deu. - Disse Jacky já se afastando.
- Sua mãe te deu uma BMW porque é a única palavra que ela sabe soletrar! - Zombou Mellanie.
Jacky já estava metros de distância quando ouviu o comentário, virou o rosto para trás e fez um gesto obsceno com os dedos.
- Ai que vadia sem classe. - Disse Vicky para Mel - Nem vale à pena falar dela, mas, sem dúvida, é estranho o sumiço da Mandy.
- Depois ela aparece por aí, vaso ruim não quebra. - Respondeu Mel desanimada. Olhou para o outro lado do pátio e avistou uma japonesa vestindo trajes muito estranhos - Hey! O que ela está fazendo?
Vicky virou o pescoço na direção em que Mel acenava e se deparou com a japa fazendo uma coreografia muito estranha em sua direção.
- É maluca.
De repente, todos no pátio ouvem um estrondo. Um barulho muito alto vindo da entrada. Os murmúrios que se estabeleciam no pátio cessaram. Todos olharam para a porta de vidro que teve vários de seus ladrilhos estraçalhados. Uma garota se encontrava no chão, no meio dos cacos.
- Meu Deus - Riu Vicky bem alto - o que aquela estúpida fez? Deu de cara com a porta? Na casa dela não tem portas não? Ai como a qualidade desse colégio vem decaindo.
- Quem é essa garota? - Mellanie perguntou, olhando preocupada.
~Ѽ~
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on terça-feira, outubro 07, 2008
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Olá, achei interessante a historia, qndo tera mais capitulos?
AMEI S2
ass: jeh
Quero maaaaaaaaaaaaais *-*
♥